terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Pausa para um momento de lamentação

Afinal, todo mundo precisa de carinho nessa vida. Precisa de perdão, de uma chance pra seguir em frente. Se arrependimento matasse, não valia a pena. E não vamos nos arrepender pra conseguir de volta o que, porventura, foi perdido. Sejamos fortes, que quase nada é o fim do mundo.

Mas, desde ontem à noite, só faço chorar.

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou* triste...
(Vinicius de Moraes)


*Não sou, mas estou :/

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Urucubaca


Estava assistindo a uma pregação de um clérigo num desses canais religiosos. Pessoa, aliás, que dentre os muitos religiosos que não me dessem garganta abaixo, tinha seu lugar dentro do pouco saco que tenho para beatices, pois ele me parecia uma pessoa coerente e sensata, principalmente. Vale ressaltar que minhas conjugações no passado não se devem ao fato de, porventura, eu ficar contrariada com o dito padre, mas sim, por ele já não estar mais em vida entre nós. Sim, ele faleceu há 3 anos.

Pois bem, voltemos ao reverendo. Segundo ele, existe um plano maligno que visa destruir umas das coisas mais sagradas que existem: a família. E aí está a TV com suas novelas, programas, “principalmente os humorísticos!” – como ressalta. É sabido que a mídia, a comunicação, de uma forma geral, manipula o pensamento da sociedade. Isso já foi dito, rebatido, discutido inúmeras vezes e se faz desnecessário ser repetitiva. Então, se eu entendi bem o que o clérigo pronunciava de forma descontraída, a família deveria evitar esse tipo de “divertimento”, além de liberdade, pois seria esse o grande e explícito plano maligno, como uma urucubaca, e “encardido”, como gostava de falar com seu sotaque interiorano. O que me deixa até indigesta, é começar a enxergar que esse pensamento a que chamamos de retrógrado seja mais contemporâneo do que idealizamos. É isso que estão pregando nas igrejas a fora? A falta de conhecimento? Por que seria, então, maléfico?

Não concordo. Sou de acordo, sim, com o acesso à todo tipo de informação que cada ser humano achar devido. Sou a favor do livre arbítrio onde podemos conhecer tudo, e a decisão de assimilar esse ou aquele aprendizado à nossa vida, não cabe a ninguém mais, se não a nós mesmos. Me lembra muito o filme O Nome da Rosa, baseado em romance homônimo do autor Umberto Eco, onde a sabedoria (representada por uma gigantesca biblioteca) era reservado a um minúsculo número de favorecidos, o que colocava o resto da população num estado de cegueira de conhecimento.

Frustração. Essa palavra define bem minha situação em relação às expectativas que deposito na tal mudança da Igreja Católica. Apesar de tudo o que ela cometeu no passado, acredito (ou acreditava?) que está em um momento a que podemos chamar de “remissão dos pecados”, onde, a partir de uma reforma interna, pedem desculpas à humanidade, pelas incontáveis atrocidades cometidas anteriormente. Mas se esse pensamento, exposto por um dos maiores pregadores que o Brasil já teve, descreve o pensamento de sua Igreja, me recuso. Abdico de crer em algo que diz que não devemos conhecer. É como disse o sábio Da Vince: "Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende."

Dessa forma, só posso concluir que fica dificílimo saber precisamente qual é o plano maligno.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Auto-espanto.


Sob a chuva forte, olhos embutidos de lágrimas, existia o desespero de um futuro desperdiçado e da grande chance perdida para sempre. Existia a amargura de olhar nos olhos do outro e perceber o arrependimento, porém a falta de possibilidades. O que era a nossa afeição, nossa chance, nosso compromisso, tornara-se, nesse momento, o perigo iminente à que detestamos.

Naquele lugar escondido, sob a chuva, rostos lavados de lágrimas, os olhos expressavam mais que as palavras de remissão. O corpo estremecia de raiva, desespero, ódio e amor. De repente, assumir exatamente aquele amor reprimido (não só) na garganta tornara-se algo ilícito.

A falta de sentimento de culpa provém da verdade. E pela única vez, sob qualquer pena, traição foi o ato mais verdadeiro do amor.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"sente-se e fume a calça"

Boa noite senhoras e senhores. Estão dispostos a ler e tentar compreender a cabeça de uma pessoa de 19 anos? Lembro-me do senhor Stephen King, na mesma idade em que estou agora (com a diferença que ele estava nos anos de 1967) passeando com sua máquina de datilografar pela cidade, e a vontade de ser alguém. Ele era arrogante. Ele sabia disso.

O moço Stephen, define de forma no mínimo interessante essa “fase” da vida: “Dezenove é a idade em que você diz: Cuidado, mundo, estou fumando tnt e bebendo dinamite, por isso, se você sabe o que é bom pra você, saia do meu caminho... aí vai o Stevie.”

Mas, claro, eu não estou fumando tnt nem bebendo dinamite. Não literalmente. Porém, a vontade de explodir, me põe em dúvida quanto ao que realmente ando comendo e bebendo para matar a fome. Chega a ser cômica a forma como se assemelham os 19 anos do Stephen aos meus. É pretensão, fé, e um mundo inteiro pela frente! São oportunidades que vão aparecendo, e algo mais importante ainda: descobrir-se crescendo. Apesar das dificuldades, da falta de dinheiro e dos desentendimentos com os pais, você descobre oportunidades, métodos de crescer, ganhar dinheiro e se livrar da chateação que é depender dos seus progenitores. Infelizmente, poucos fogem à regra. E a regra é essa: você faz 19 anos e dá um jeito de não ter que depender mais de ninguém. Parece chato, egoísta, o escambal! Mas é. Ou não é?

O jovem Setephen era diferente de mim, gritantemente, em um ponto: conduta. Ele era porra-louca de mais! Eu sou quieta. Mas cheia de planos.

Vale a pena de mais ler o texto (que está no livro A Torre Negra – O Pistoleiro) “Sobre ter 19 anos”. Principalmente se você tiver 19 anos.

“Mas ainda acho que essa é uma idade muito boa. Talvez a melhor idade. Você pode rolar no rock a noite toda, mas, quando a música cessa e a cerveja chega no fim, você consegue pensar. E sonhar sonhos grandes.”

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Diálogo (Parte 2)


- Amélia disse-me que está mais contente esses dias, senhor. Não que o senhor tenha feito todos os seus gostos, mas a verdade é que aquela moça aprendeu a entender-te um pouco mais. Amélia agora consegue enxergar que não é transformando o senhor, que ela conseguirá ser feliz. Ainda mais! Amélia vê que o senhor é o melhor que ela poderia ter. Não por status ou algo do tipo. Ela enxerga no senhor algo que não poderia encontrar caso agisse como exigia antes.

- Amélia me intriga, mas afeiçôo-me a ela justamente por sua inquietude. Não creio que seja negativa sua postura. A moça é simples, de gostos simples. Seria um infortúnio muito grande destruir seus sonhos novamente.

- Pois bem, senhor. Faço gosto em vê-los juntos. Igualmente em Amélia e o senhor estarem alcançando-se. Ontem ela me confessou o motivo de seu contentamento. É justamente pela sua ingenuidade, que às vezes o torna displicente, mas nunca, ela acredita, o senhor poderá fazer-lhe algum mal. É desta pureza, senhor, que Amélia deseja cuidar. É desse seu coração bondoso, incorrupto, que a moça encanta-se. Se o senhor fosse tal qual os desejos de Amélia, seria, então, cheio de artimanhas que a levariam às nuvens, mas seriam insolúveis. Seriam nuvens de mentira. Amélia, senhor, percebeu que só sendo assim, como é, poderá ter alguém em quem confiar.

- Amélia está demorando.

- Ela quer estar bonita para o senhor.

- Boa noite, Peter.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Diálogo (Parte 1)



-Ela reclamava, senhor, da sua falta de interesse em seus feitos. Porque sempre foi uma moça que não confia nos próprios passos. Ela, senhor, só precisava que dissesse quão belas eram suas palavras, ou a comparasse com algumas dessas escritoras neo-romancistas. Então, foi nisso que Amélia pecou ao tentar transformá-lo numa coisa que não é.

-Eu jamais soube o que ela queria. Jamais compreendi o motivo de sua volubilidade humorística. Tentar agradá-la era quase que frustrante, uma vez que se tem quase total certeza de que, hora ou outra, ela irá irritar-se e mandá-lo desculpar-se. Infortúnio desejar seu bem, mostrar-lhe as melhores coisas que existem ou tentar lhes mostrar o que mais me agrada em sua pessoa. Amélia sempre achará algum erro em minhas palavras.

-Mas Senhor, creia. Ela o estima muito, mas é moça nova. Ainda que pareça imbecil em suas colocações ou exigências, ainda que não saiba ao certo o que lhe dizer, ou ainda que o machuque, a moça quer, se não, o bem dos dois juntos. Conheço Amélia desde sempre, e sei o quanto a moça não se contenta com improficuidades. A única coisa que ela almeja, senhor, é que a entenda, que atente-se a ela. Quando Amélia profere a você que não prestas atenção a ela, é apenas para tentar juntar-se a ti, pois aquela moça não sabe ser de outro modo, que não seja junto. E ela, saiba, deseja incondicionalmente estar perto de você. Mas, não só em corpo. Amélia deseja fazer parte da tua alma. Mas sei que a senhorita em questão é um tanto inflexível em seus pensamentos a respeito do que é estar junto de alguém E, senhor, digo, apenas acolha Amélia em seus braços, e prometa-a, olhando nos olhos, que estarás sempre por perto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

E isso de anjo-da-guarda, existe?


Não sei se é resultado de semelhanças entre determinados acontecimentos, ou simplesmente da minha mãe gritando “-Você não tem juízo?!”, mas existe alguma força, um ser, uma entidade, mandinga ou simplesmente uma seqüência lógica (ou não) de fatos que me fazem acreditar que eu tenho uma certa sorte (ou um anjo, segundo minha mãe) que me protege desse mundão-cão da vida.

Ok. Talvez não. Quem sabe são só fatos com uma semelhança mínima... Mas quem garante?

Dia desses, mais especificamente na véspera de São João, o trabalho acabou mais cedo. Eram umas duas horas da tarde, quando resolvi ir embora. Moro relativamente perto do meu trabalho, de forma que eu posso ir e voltar andando dependendo da situação. E esse dia me senti tranquilamente permitida a fazer o trajeto de volta à minha residência a pé. Pois bem, eu caminhava sossegada, fones nos ouvidos, pensando na vida e admirando aquela tarde pacífica, de ruas pacíficas, e eu, belamente, com um coração pacífico. Tudo lindo.

Mas então, percebo estar sendo seguida. Talvez por que a tarde estivesse pacífica de mais? É, eu sou lenta. Para não ser muito alarmante escondendo logo o meu celular, tirei apenas um fone do ouvido e continuei andando, esperando encontrar alguém no caminho. O engraçado é que eu nunca acredito que essa história de os caras estarem me perseguindo, era mesmo real, e até ficava imaginando inúmeras desculpas para dar aos assaltantes (umas até cômicas).

Então, eles não saiam da minha cola. Enveredei por umas três ruas ainda, até meu coração acelerar, pois definitivamente não tinha mais para onde ir. Eu vinha pelo meio da rua, de olho em qualquer possibilidade de fuga, enquanto eles se dividiram para me cercar pelos lados. Não tinha mais para onde fugir. Era ali. A sorte de Amana acabara.

Para um carro do meu lado: “-Oi, entra aí”. Eu, com aquela cara de Q, entro: “Que medo! Que sorte!” A mulher, e é imprescindível salientar aqui que eu nunca a havia visto, diz: “-Você viu?” Aí, eu percebi. A mulher viu toda a minha situação quando tirava seu carro da garagem, e me convidou a entrar. Trouxe-me em casa e eu disse
obrigada. Não sei o seu nome.

Contei a história pra todo mundo aqui em casa, e eles, obviamente me chamaram de desatenta, irresponsável entre outros. Foi aí que minha mãe disse que meu anio-da-guarda é muito bom comigo.

Não sei se acredito mesmo nisso, mas os fatos existem e pronto. Seja sorte, anjo-da guarda ou sei lá o que, isso foi no mínimo curioso. E juntou-se à minha vasta coleção de fatos de sorte, que é tema pra mais outros posts.

Eu sou phoda!

Sabe quando se está disposto a aceitar algo (ou alguém)?

Mas sabe quando você definitivamente NÃO está?

Seja devido ao seu conhecimento, e por que não, preconceito, em relação a esse fato, coisa, lugar ou ser que está por vir. Não é que simplesmente você seja alguém metido, mas acontece que existe pessoas, que não precisa você chegar tão perto para saber quantos metros o topete dela vai atingir na escala da arrogância. Não creio que isso seja normal, mas vejam só, é algo peculiar: a pessoa vai, conhecer outras, quem sabe futuros amigos... Aí, de repente, você descobre que isso nem passa pela sua cabeça, e que o que vale para ela é se mostrar melhor (!?) que todo mundo em um raio de 50 metros.

Tomando a mim como exemplo - que não sou nenhum ser facilmente sociável – sei muito bem que ser educado é uma noção básica. Também sei que meus valores não condizem com alguns pensamentos arrogantes, como rir da cara de alguém a menosprezando para se mostrar superior. Mas sim, onde diabos se encontra essa superioridade?

Desde quando chamar fulano de viadinho, a aniversariante de gatinha, ou ridicularizar por que estamos dividindo a conta do restaurante, é ser superior? Porque fulano é viadinho? Por que ele é educado e fiel a seus valores, família, namorada e amigos? A aniversariante é só isso, gata e pronto? E os parabéns? E sim, somos estudantes e fazemos a conta do restaurante para ver quanto vamos pagar. Não defecamos dinheiros, e muitos menos agimos como se assim fosse.

O que me dói na alma, é saber que como essa pessoa, existem mais um milhão por aí, se multiplicando como coelhos.

Por isso, assim como comecei, concluo: não é que eu seja metida, mas eu não vou me 'misturar' com esse tipo de gente. É simples, pois não dá, e se não dá, não tenta, ohy!

Eu continuo com esse meu jeito matuto dizendo brejeiros "ois", e a reca pode continuar topetudamente exclamando seus "Eu sou phoda!" (com pose de gostosão e direito a carinha de nojo).
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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Compostura

Aconteceu que hoje não fui trabalhar. Acordei com dores horríveis em todo o corpo e na cabeça. Isso durou todo o dia, me deixando fraca e sem apetite. Mas o que isso tem de especial? Pude ler. Li durante toda manhã e tarde. ‘A insustentável leveza do ser’ me faz acreditar que Milan Kundera atingiu um dos seus muitos objetivos no livro: a identificação. Horas sinto-me como Tereza, insegura e dependente com seu livro na mão, crendo que essa atitude é particular a certas pessoas. Outras, como Sabina, que sente repúdio e desejos pelas mesmas coisas.
Agora a pouco, preparava minha janta, e pensei se seria tão feio assim falar de mim. É? Admiro as pessoas que escrevem sem tocar abertamente na sua vida pessoal, e sim tiram impressões muito bem colocadas sobre as vivências. Não tenho esse dom, e sinto. Também não tenho gostos e percepções apuradas (nem um português muito correto). Não sou craque em citações. Mas, o que tem isso? Nada de mais. Só acho que não vou ficar me enchendo de pudor todo o tempo.
Isso me pareceu algo um tanto “rebelde sem causa” da minha parte. Não é nada de querer “chutar o pau da barraca”, inclusive por que isso não faz o meu tipo. É mais algum tipo de aviso sobre eu ainda ser tão ruim justamente nas coisas em que eu mais admiro. Vai foto da Sally, uma das minhas personagens preferidas das tirinhas do Snoopy. Menininha petulante, muitas vezes sem razão, mas por boas causas.
Prometo fazer com que isso ainda seja bom. Ajuda?

Motivo


Talvez eu tivesse ideias melhores sobre o que escrever em uma primeira postagem no blog, mas eis que não me vem à cabeça o que eu havia pensado sobre. Acho conveniente explicar, ao menos, o motivo de seu título. “Ainda as páginas depois” é, se não, meu insaciável desejo de mudar, e findar esse livro. Mas em “algumas páginas depois” achei que poderia estar próxima, ao menos, de chegar lá. Mas, obviamente, o tempo passa, e não chego nem perto dos últimos capítulos. Portanto, é o suplício desalentado, das páginas desejadas nunca atingidas.
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