segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Auto-espanto.


Sob a chuva forte, olhos embutidos de lágrimas, existia o desespero de um futuro desperdiçado e da grande chance perdida para sempre. Existia a amargura de olhar nos olhos do outro e perceber o arrependimento, porém a falta de possibilidades. O que era a nossa afeição, nossa chance, nosso compromisso, tornara-se, nesse momento, o perigo iminente à que detestamos.

Naquele lugar escondido, sob a chuva, rostos lavados de lágrimas, os olhos expressavam mais que as palavras de remissão. O corpo estremecia de raiva, desespero, ódio e amor. De repente, assumir exatamente aquele amor reprimido (não só) na garganta tornara-se algo ilícito.

A falta de sentimento de culpa provém da verdade. E pela única vez, sob qualquer pena, traição foi o ato mais verdadeiro do amor.

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