Ok, talvez pareça um pouco de exagero, mas o fato é que ela está lá, abandonada, e em nenhum momento eu me perguntei por que simplesmente rompi com a pobre coitada que pouquíssimo tempo antes era meu xodó. Com exceção de hoje.
Hoje faz quinze dias que reuni tudo o que fosse sólido que pudesse me fazer lembrar de algo que, inutilmente, eu finjo que quero esquecer, pus numa caixa, e num pranto calado, juntei uma carta e cessei provisoriamente aquele melancólico e isolado fim.
Dia seguinte, fui de encontro ao destinatário daquela pesada caixa cheia de boas lembranças. Sob um sol quente das 10 horas da manhã de um domingo triste, caminhei quase sem forças com as lágrimas escorrendo sob a face e os braços dormentes pelo peso.
Conversei horas com a mãe que, por vezes é igual, e outras, é tão diferente daquele filho. Fiz-me entender que tinha consciência de que o erro, naquela ocasião não era meu e, assentindo ela comigo, tive certeza que eu não estaria só.
Numa tentativa de talvez reproduzir aquele ato de desfazimento, entregue pelas mãos daquela mãe, tive de volta um livro, um porta-retratos e um cartão nominal. Guardei os objetos na bolsa em questão e, chegando em casa, nunca mais a usei ou tive coragem de tirá-los de lá.
Meu irmão menor, buscando pelas Aventuras de Alice no País das maravilhas, acabou por encontrar o livro na bolsa desolada ao lado da cama. Eu, que não vou me negar a sacar meu suado salário, tive de pegar o cartão. O porta-retratos não. Ele ainda está lá dentro com aquele registro em papel de um momento feliz.
Obviamente esse pavor logo passa, e quem sabe, aquela mochila volta a ser útil.
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