Ouvi muitas vezes essa expressão nas aulas de literatura nos tempos da escola que se tornou célebre por carregar esse sentimento de aproveitar o dia. Em Sociedade dos Poetas Mortos (1989 - um ano antes do meu nascimento), o professor Mr. Keating revoluciona dentro de uma escola bem tradicional. Os alunos aprendem a lutar, questionar e a pensar livremente. Ele sussurrava: "...Carpe Dieeeem...".
Bom, eu não tive um Mr. Keating na minha vida, mas sem dúvida, nunca quis que ela seguisse os padrões apenas por seguir. Quis e quero dar sentido a ela. Mas, o que é aproveitar o dia? Seria fazer tudo como se não houvesse amanhã?
Não. Nunca acreditei nisso. Nunca vi sentido nos meus colegas/amigos/conhecidos que só faltavam ferrar com a própria vida em nome desse "aproveitar o dia". Eu sentia que deveria viver minha vida da forma que eu mais me sentisse bem. Se não gosto da cobrança do mundo, o que dizer dessa auto cobrança? Talvez eu realmente não devesse me preocupar em seguir o ritmo dos outros. Me faz bem mesmo é ter consciência limpa.
Eis que eu tive a sorte de ler as palavras de uma certa pessoa, aquele que soube descrever todos os meus questionamentos. Um gênio (!) que soube colocar em palavras uma descrição perfeita das vidas de todos os seres humanos.
"Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? E isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro."
(Milan Kundera)
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